quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Modo Condicional e Modo Imperativo / Formas Nominais- verbo viajar

 

Modo Condicional  - a ação depende de uma condição

Tempo simples  - eu viajaria, tu viajarias, ele viajaria, nós viajaríamos, vós viajaríeis, eles viajariam


Tempo composto - eu teria viajado, tu terias viajado, ele teria viajado, nós teríamos viajado, vós teríeis viajado, eles teriam viajado


Modo Imperativo - dar conselhos, ordens

Viaja! Viajai!          Viajemos! Viaja !Viajem! (presente do conjuntivo com valor imperativo)

tu/vós                          nós/você/vocês


Formas nominais 

Infinitivo impessoal - viajar    / Infinitivo Pessoal - viajar eu, viajares tu, viajar ele, viajarmos nós, viajardes vós e viajarem eles??

Gerúndio - viajando  (simples)     e   Tendo viajado (composto)

Partícipio Passado - Viajado

Outubro- mês dos idosos/Comemoração do Centenário de José Saramago

 CARTA PARA JOSEFA


(texto de José Saramago)

Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais b
ela rapariga do teu tempo – e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira – sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos
coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste a lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas?) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém.
Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrijada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos – e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti – e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.
Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas – e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!”.
É isto que eu não entendo – mas a culpa não é tua.

O Fidalgo é uma personagem-tipo

 Caracterização do Fidalgo:


Cena Do Fidalgo (Don Anrique)
 
Adereços (símbolos cénicos) que o caracterizam:
-Pajem: desprezo pelos mais pobres.
-Manto: vaidade.
-Cadeira de espaldas: julgava-se importante e poderoso.
 
Argumentos de Defesa:
-A Barca do Inferno é desagradável (é um cortiço).
-Tem alguém na Terra a rezar por ele.
-É “fidalgo de solar” e por isso deve entrar na barca do Céu.
-É nobre e importante.
 
Pertence:
-À nobreza (crítica a este grupo social)
 
Acusações:
-Ter levado uma vida de prazeres, sem se importar com ninguém.
-Ter sido tirano para com o povo.
-Ser muito vaidoso.
-Desprezava o povo.
- É adúltero.
 
Referência ao pai de Don Anrique, porque:
-É uma crítica social, porque também o pai do Fidalgo já tinha entrado na Barca do Inferno, isto é, toda a classe nobre tinha os mesmos pecados.
 
A movimentação dele em cena - Percurso Cénico:
-1º Foi à barca do Diabo que lhe explica para onde vai a barca e recusa entrar, sempre em tom de ironia, porque tem alguèm a rezar por ele.
-Depois foi à barca do Paraíso para tentar a sua sorte, mas o Anjo acusa-o de tirania e de vaidade e diz-lhe de que maneira nenhuma pode lá entrar.
-O Fidalgo volta para a Barca do Inferno e o Diabo explica-lhe todos os seus pecados, fazendo com que ele fique muito triste e arrependido (mas antes de entrar ainda quer voltar à outrs vida para ver a amante e a mulher.
 
Momentos psicológicos da personagem:
-Ao princípio o Fidalgo está sereno e seguro que irá para o Paraíso.
-Dirige-se à barca do Anjo, de forma arrogante, e fica irritado, porque ele não lhe responde e mostra-se arrependido e desanimado por ter confiado no seu “estado”.
-No fim, dirige-se à barca do Diabo, mais humilde, pedindo-lhe que o deixe regressar à Terra para ir ter com a amante e ver a mulher.
 
Crítica de Gil Vicente nesta cena:
-Os nobres viviam como queriam (vida de luxúria)
-Pensavam que bastava rezar e ir à missa para ir para o Céu (crítica indireta à Igreja Católica que transmite esta mensagem).
 
Características dadas às mulheres desse tempo:
-Mentirosas
-Infiéis
-Falsas
-Fingidas
-Hipócritas
 
Caracterização do Fidalgo:
-Nobre (fidalgo de solar).
-Vaidoso.
-Presunçoso do seu estado social.
-O seu longo manto e o criado que carrega a cadeira  de espaldas representam bem a sua vaidade e ostentação.
-A forma como reage perante o Diabo e o Anjo revelam a sua arrogância ( de quem está habituado a mandar e a ter tudo).
-Apresenta-se como alguém importante.
-Despreza a barca do Diabo chamando-a de “cortiço”.
-A sua conversa com o Diabo revela-nos que, além da sua mulher tinha uma amante, mas que ambas o enganavam ,pois a mulher quando ele morreu chorava, mas era de felicidade e a amante antes de ele morrer já estava com outro.
-O Fidalgo é, pois, uma personagem-tipo que representa a nobreza, os seus vícios, tirania, vaidade, arrogância, infidelidade e presunção.
 
Desenlace:
-Inferno