quarta-feira, 16 de junho de 2021

O VELHO E O MAR

Ficha de trabalho 

Após uma leitura atenta do texto, responde ao questionário proposto:
1. Relaciona o título do livro com assunto abordado no texto.
2.Será o Velho pescador também um herói? Justifica a sua resposta.
3. Explica que relação existia entre Santiago, o Velho, e o rapaz, o Manolin?
4.Classifica o narrador, quanto à sua presença, justificando a sua resposta.
5.Tendo em conta o comportamento de Santiago, caracteriza-o psicologicamente, justificando a tua resposta.
6. Escolhe a resposta correta:
  6.1. A ação principal desta obra:
A) Centra-se no relacionamento entre um pescador idoso e um pescador jovem.
B) centra-se na pesca de um grande espadarte.
C) centra-se na vida de um velho pescador.

6.2. O espaço físico em que se desenrola a maior parte da ação é:
A) na imaginação do pescador.
B) na vila piscatória, servindo os pescadores e as relações entre eles para caracterizar esse espaço.
C) no mar.

UMA NOVELA de 1952, DO ESCRITOR NORTE-AMERICANO, ERNEST HEMINGWAY,  QUE VISITAVA MUITO CUBA E PESCAVA TAMBÉM.


Ele era um velho que pescava sozinho no seu barco, na Corrente do Golfo. Havia oitenta e quatro dias que não apanhava nenhum peixe. Nos primeiros quarenta, levara em sua companhia um rapaz para auxiliá-lo.

Depois disso, os pais do rapaz, convencidos de que o velho se tornara sala, isto é, um azarento da pior espécie, puseram o filho a trabalhar noutro barco, que trouxera três bons peixes em apenas uma semana. O rapaz ficava triste ao ver o velho regressar todos os dias com a embarcação vazia e ia sempre ajudá-lo a carregar os rolos de linha, ou o gancho e o arpão, ou ainda a vela que estava enrolada à volta do mastro. A vela fora remendada em vários pontos com velhos sacos de farinha e, assim enrolada, parecia a bandeira de uma derrota permanente.

O velho pescador era magro e seco, e tinha a parte posterior do pescoço vincada de profundas rugas. As manchas escuras que os raios do sol produzem sempre, nos mares tropicais, enchiam-lhe o rosto, estendendo-se ao longo dos braços, e suas mãos estavam cobertas de cicatrizes fundas, causadas pela fricção das linhas ásperas enganchadas em pesados e enormes peixes. Mas nenhuma destas cicatrizes era recente.

Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis.

– Santiago – disse-lhe o rapaz quando desciam do banco de areia para onde o barco fora puxado -, eu gostaria de tornar a sair consigo. Tenho ganho algum dinheiro.

O velho ensinara o garoto a pescar e por isso ele o adorava.

– Não – respondeu-lhe o velho. – Você está num barco de sorte. Fique com eles.

– Mas lembre-se daquela vez em que passamos mais de oitenta dias sem apanhar coisa alguma e depois pescamos dos grandes, todos os dias, durante três semanas.

– Lembro-me muito bem – tornou o velho. – E sei que no período de má sorte  não me abandonaste nem duvidaste de mim.

– Foi o meu pai quem me fez mudar de barco. Ainda sou um rapaz e tenho de obedecer a ele.

– Eu sei – concordou o velho. – É natural.

– O meu pai não tem muita fé.

– Não – tornou a concordar o velho. – Mas nós temos, não é verdade?

– Sim – afirmou o rapaz. – Deixe-me oferecer-lhe uma cerveja na Esplanada, depois levamos estas coisas para casa. Aceita?

– Por que não? – respondeu o velho. – Entre pescadores…

Sentaram-se na Esplanada e alguns pescadores começaram a fazer troça do velho, mas ele não se zangou. Outros, os de mais idade, olharam para ele e sentiram-se tristes. Mas não o demonstraram e continuaram conversando, sem lhe dar importância, sobre as correntes e as profundidades a que tinham descido as suas linhas, sobre o bom tempo e as coisas que tinham visto ou feito durante o dia. Os pescadores que nesse dia haviam sido bem-sucedidos tinham chegado e limpado os espadartes, levando-os estendidos ao comprido sobre duas tábuas – dois homens sustentavam a ponta de cada tábua – para o armazém de peixes, onde ficavam à espera de que o transporte frigorífico os levasse para o mercado em Havana.

Aqueles que tinham apanhado tubarões carregavam-nos para a fábrica do outro lado da baía, onde eram içados e limpos, os fígados extraídos, as barbatanas cortadas, as peles raspadas e a carne cortada em tiras para salgar.

Quando o vento soprava do nascente, a baía era invadida pelo cheiro que vinha da fábrica; hoje, porém, mal se notava o cheiro, pois o vento soprara para o norte e depois amainara rapidamente. Por esse motivo, a Esplanada estava muito agradável e batida de sol.

– Santiago – começou o rapaz.

– Que é? – perguntou o velho. Tinha o copo na mão e pensava nas suas aventuras de muitos anos atrás.

– Posso sair com o barco para apanhar sardinhas para ti amanhã?

– Não, vá jogar basebol. Eu ainda sei remar e o Rogério pode atirar as redes.

– Mas eu gostaria de ir. Já que não posso ir pescar contigo, queria ajudar de algum jeito.

– Pagaste-me uma cerveja – replicou o velho. – Agora já és um homem.

– Que idade eu tinha quando me levaste no barco pela primeira vez?

(...)

 https://historiasdeamoremorte.wordpress.com/2016/01/05/o-velho-e-o-mar-excerto-ernest-hemingway/

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