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Argumentos de defesa
O Anjo defende o Parvo, destacando a sua simplicidade e afirmando que não errou / pecou por malícia.
O que representa a personagem-tipo? O que simboliza?
Com esta personagem, Gil Vicente não pretende criticar nenhuma classe social, mas sim tornar a peça menos monótona e criar um efeito cómico; representa os pobres de espírito.
Os Parvos têm, no teatro vicentino, uma função cómica, ocasionada pelos disparates que proferem. Assim acontece neste auto, embora, em certos passos, o Parvo se junte às personagens sobrenaturais para criticar os que pretendem embarcar e sirva, algumas outras vezes, de comentador.
Dentro do elenco de tipos sociais que desfilam neste auto, o Parvo é a única personagem que tem a ousadia de injuriar o Diabo e a única condenada a aguardar, no cais, vez para entrar no Paraíso, onde, segundo o Anjo, seguramente terá lugar, já que "em todos [seus] fazeres, / per malícia não [errou]". Pela "simpreza" (simplicidade, ingenuidade)que o isenta de pecado, o Parvo exprime, segundo Óscar Lopes, a "candura dos pobres de espírito na sua agressividade instintiva e injuriosa contra o Diabo e os pecadores orgulhosos" (cf. Lopes, Óscar - "O Sem-Sentido em Gil Vicente" in Ler e Depois, 3.ª ed., Porto, Ed. Iniva, 1970, pp. 79-80).
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