Episódio Lírico
Narrador do episódio- Vasco da Gama
Narratário- Rei de Melinde - a armada de Vasco da Gama encontra-se em Melinde.
Inês morreu no dia 7 de janeiro de 1355.A vítima foi decapitada em 7 de janeiro e o seu corpo foi originalmente sepultado numa igreja vizinha ao Paço de Santa Clara. D. Pedro foi coroado rei dois anos depois, em 1357.
O Drama de Inês de Castro, quadro de Colombano Bordalo Pinheiro, Museu Militar de Lisboa (1901-04)
Segundo a crônica de Rui Pina:
[…] Não havia outro melhor remédio, salvo que apertassem como o dito Infante que casasse […] & não tivesse no Reino Dona Inês de Castro, & quando isto por seu bem, & honra não quisesse fazer que el rey para segurança da vida de seu neto, & por sossego, & por conservação de seus reinos, & das cousas de sua coroa que por respeito da dita Dona Inês se poderiam alhear a mandasse matar (apud OLIVEIRA, 2010, p. 265).
A 7 de Janeiro de 1355, o rei, aproveitando a ausência de D. Pedro, foi com Pero Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte das Lágrimas da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado (..)
De seguida, o rei D. Pedro I perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o Reino de Castela e mandou destruir a Vila do Jarmelo. Pero Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados em Santarém (Wikipédia)
Espaços da tragédia:
O Paço de Santa Clara em Coimbra (casa da Rainha Santa Isabel, avó do príncipe, mulher do avô, o rei D. Dinis)- A Quinta das Lágrimas e a Fonte dos Amores (Coimbra) representam a Morte de Inês de Castro
O Mosteiro de Alcobaça - onde estão os túmulos de Inês de Castro e de D. Pedro (Até à eternidade)
Outro Poema para lermos:
Inês morreu e nem se defendeu
Inês morreu e nem se defendeu
da morte com as asas das andorinha
pois diminuta era a morte que esperava
aquela que de amor morria cada dia
aquela ovelha mansa que até mesmo cansa
olhar vestir de si o dia-a-dia
aquele colo claro sob o qual se erguia
o rosto envolto em loura cabeleira
Pedro distante soube tudo num instante
que tudo terminou e mais do que a Inês
o frio ferro matou a ele.
Nunca havia chorado é a primeira vez que chora
agora quando a terra já encerra
aquele monumento de beleza
que pode Pedro achar em toda a natureza
que pode Pedro esperar senão ouvir chorar
as próprias pedras já que da beleza
se comovam talvez uma vez que os humanos
corações consentiram na morte da inocente Inês
E Pedro pouco diz só diz talvez
Satanás excedeu o seu poder em mim
deixem-me só na morte só na vida
a morte é sem nenhuma dúvida a melhor jogada
que o sangue limpe agora as minhas mãos
cheias de nada
ó vida ó madrugada coisas do princípio vida
começada logo terminada.
Ruy Belo
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