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Canto VI – est. 84-93
Enquanto o Consílio dos Deuses do Mar se realizava, os navegadores continuavam, a sua viagem, contando histórias a bordo (os 12 de Inglaterra - 12 cavaleiros portugueses entre eles o Magriço, foram salvar a honra de 12 damas, a Inglaterra). É nesse momento que os marinheiros são surpreendidos pela Tempestade, em cuja descrição se cruzam dois planos narrativos: da viagem e dos deuses.
Divisão do episódio em quatro partes:
- Tempestade e agitação a bordo (agitação dos elementos da natureza – vento, nuvens e mar – e dos elementos humanos – marinheiros);
- Os sinais que alertam a proximidade da tempestade são o vento e a nuvem negra.
- O mestre manda amainar, ou seja, baixar as velas mais altas, atirar tudo ao mar (alijar) e dar à bomba para tirar o excedente de água nas naus.
- Os verbos utilizados para transmitir as ordens são os seguintes: “amaina” e “alija” (modo imperativo);
- O responsável pela tempestade foi Baco, que não queria que os portugueses chegassem à Índia e convenceu os deuses marinhos a reunirem - Consílio dos deuses marinhos e dos ventos;
- A tempestade provocou efeitos terríveis, ela fez com que as naus ficassem muito estragadas, o que provocou uma grande aflição aos portugueses. Elementos textuais que podem ilustrar esta afirmação: “Quebrando leva o mastro pelo meio,/Quase toda alagada; A gente chama/ Aquele que a salvar o mundo veio." (Jesus)
- Expressões que traduzem a violência da tempestade: “Mostra a possante nau, que move espanto.” e “Vendo que se sustém nas ondas”. A determinação dos marinheiros portugueses perante os acontecimentos trágicos.
- 2- Súplica de Vasco da Gama à divina guarda- Deus;
- 3- Intervenção de Vénus: pedido às ninfas amorosas para acalmarem os ventos/seduzem os ventos que deixam de soprar e a tempestade acaba;
- 4. Chegada à Índia e agradecimento de Vasco da Gama a Deus por ter conseguido chegar.
Principais argumentos utilizados por Vasco da Gama na sua súplica a Deus:
- A omnipotência divina (Deus já ajudara outros povos em dificuldades).
- Os portugueses estão ao serviço de Deus (vão espalhar a fé cristã por terras desconhecidas), logo tinham uma missão religiosa e merecem ser ajudados.
- Louva aqueles que morreram lutando pela fé cristã, pois era preferível uma morte heróica e conhecida em África a combater, do que uma morte devido a um naufrágio anónimo, sem honras, nem vitórias (nem chegaram à Índia).
- O verso que traduz o estado de espírito de Vasco da Gama é o seguinte: e “Confuso de temor, da vida incerto”.
- O pedido de Vasco da Gama não foi atendido. A tempestade não acalmou.
- A responsável pelo fim da tempestade foi Vénus.
- Expressões que comprovam a bonança da tempestade: “E logo à linda Vénus se entregavam/ Amansadas as iras e os furores/ De lhe serem leais esta viagem”.
Provérbio: Depois da tempestade, a bonança.
Recursos expressivos:
Estrofe | Recurso Expressivo | Exemplo |
75 | Perífrase | “Aquele que a salvar o mundo veio” - Jesus |
71 | Hipérbole | “Em pedaços a fazem cum ruído/ Que o Mundo pareceu ser destruído” |
84 | Comparação | “… os ventos, que lutavam/ como touros indómitos” |
81 | Apóstrofe | “Divina Guarda, angélica, celeste” - invocação a Deus |
78 | Antonomásia | “O grão ferreiro sórdio que obrou” - Vulcano era assim conhecido |
84 | Personificação | “…os ventos, que lutavam/..bramando…/Pela exárcia, assoviando.” |
72 | Anáfora | “Alija (disse o mestre rijamente),/ Alija tudo ao mar” |
81 | Dupla Adjectivação | “…o segundo/Povoador do alagado e vácuo mundo” |
71 | Dupla Adjectivação | “Quanto se dá a grande súbita procela” |
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