segunda-feira, 12 de maio de 2025

Poemas sobre a temática da Viagem e do Sonho

 Canção- Homem do Leme


O Homem do Leme - Xutos & Pontapés - LETRAS.MUS.BR


TEMA:

ASSUNTO: 


Pedra Filosofal




Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão, in 'Movimento Perpétuo'

1.O sujeito poético compara o sonho a vários elementos da natureza. Quais?

2. Transcreve uma anáfora, uma comparação e uma metáfora.

3.Transcreve os versos que se referem:

a) aos Descobrimentos;

b) às artes, em geral;

c) às conquistas da ciência.

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Viagem

É o vento que me leva.   a
O vento   b
É este sopro humano   c
Universal    d
Que enfuna a inquietação de Portugal.  d
É esta fúria de loucura mansa  e
Que tudo alcança  e
Sem alcançar.   f
Que vai de céu em céu,   g
De mar em mar,    f
Até nunca chegar.  f
E esta tentação de me encontrar   f
Mais rico de amargura    g
Nas pausas da ventura     h
De me procurar...     f


Miguel Torga, in 'Diário XII'
1.O sujeito poético compara o sonho a vários elementos da natureza. Quais?

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Vagabundo do Mar - MANUEL DA FONSECA

Sou barco de vela e remos
sou vagabundo do mar.

Não tenho escala marcada
nem hora para chegar:
é tudo conforme o vento,
tudo conforme a maré…

Muitas vezes acontece
largar o rumo tomado
da praia para onde ia…
Foi o vento que virou?
foi o mar que enraiveceu
e não há porto de abrigo?
ou foi a minha vontade
de vagabundo do mar?
Sei lá.
Fosse o que fosse
não tenho rota marcada
ando ao sabor da maré.
É, por isso, meus amigos,
que a tempestade da Vida
me apanhou no alto mar.

E agora,
queira ou não queira,
cara alegre e braço forte:
estou no meu posto a lutar!
Se for ao fundo acabou-se.
Estas coisas acontecem
aos vagabundos do mar.

Manuel da Fonseca


Manuel da Fonseca (Santiago de Cacém, 15/10/1911-11/3/1993)
Poeta, romancista, contista e cronista, membro do Grupo Novo Cancioneiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores.


https://youtu.be/6RBMEol8WtM

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